O sábado do dia 18 de maio da EcomAmor foi marcado por um encontro de interação e partilha de memórias, afetos e informações em torno da alimentação. Durante toda aquela manhã, foi realizado o segundo encontro da Formação Continuada do Eixo 2 no CEI Santa Luzia, com o tema “Merenda Escolar e Alimentação Saudável.
Os encontros do Eixo 2 são voltados para as dez escolas participantes do projeto “Da Horta para a Merenda” e têm o objetivo de oportunizar momentos de troca, escuta e aprendizado, pensando em construir, em torno da agroecologia, uma comunidade formada pelas escolas, voluntárixs e pessoas convidadas pela ONG.
A programação do evento teve início com uma breve apresentação da EcomAmor para os participantes, que compartilharam suas expectativas para o dia. Em seguida, Ingryd Garcia, do Coletivo Balaio Cerrado, grupo em defesa da soberania e segurança alimentar, conduziu, de forma lúdica, uma roda de conversa que abordou temas como teias alimentares, soberania, direito à alimentação e os significados que um prato de comida tem para cada pessoa, apresentando a alimentação adequada enquanto direito humano.
Soberania alimentar é um conceito amplo, que passa por vários pontos. Segundo Ingryd, o principal deles é o poder de escolha. Como explica, “quando a gente tem essa autonomia garantida, de saber de onde o nosso alimento vem, de entender o processo de produção, de qual sistema aquele alimento faz parte, se a gente sabe (de tudo) isso e tem a oportunidade de escolha, está exercendo a soberania alimentar”. Além disso, a soberania alimentar abrange ainda a elaboração e execução de políticas públicas para garantia desse direito.
Para ter o direito à alimentação garantido, a alimentação deve ser acessível, em quantidades adequadas, com produtos regionais e variados, provenientes de um sistema que respeite os biomas e normas ambientais. A informação é outro ponto crucial: se o rótulo de um produto alimentício é confuso ou difícil de entender, o direito humano à alimentação já está sendo violado.
Para Ingryd, a merenda escolar é uma política. Ela conta que, antigamente, o sistema de distribuição de alimentos para a merenda era centralizado. A consequência era o predomínio de ultraprocessados, como carnes enlatadas, que chegariam às mais diversas regiões do país a partir de um centro de distribuição. “Com o tempo, foi-se entendendo que a comida é uma expressão de cultura e de regionabilidade. A comida é mais que nutriente”, enfatiza.
Roberta Pessoa é merendeira da Associação de Serviço à Criança Especial (ASCEP). Ela conta que recebe um cardápio encaminhado pela Prefeitura, que é adaptado às necessidades de cada criança. A associação utiliza ingredientes de sua própria horta para o preparo da merenda, como a couve e a cebolinha que enriquecem o feijão tropeiro. Roberta entende que o fato de a horta estar tão próxima dos alunos auxilia na aceitação dos vegetais no prato, já que “ultrapassando o preconceito que tem à medida que eles vão entendendo a maneira como é produzido, como é benéfico, eles ficam empolgados”.
“A maior parte da nossa alimentação vem da agricultura familiar”. Quem conta é Camila Loiola, que faz parte do Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar da Universidade Federal de Goiás. Os CECANEs são unidades constituídas no âmbito das Instituições Federais de Ensino Superior (IFE) com o objetivo de prestar assessoria científica, técnica e operacional ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), quanto à execução do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), por meio de ações de ensino, pesquisa e extensão, pensando a alimentação como política pública.
Camila e a nutricionista Mariana Baldani, voluntária da EcomAmor, foram responsáveis pela oficina prática do encontro. De início, foram repassadas orientações do Procedimento Operacional Padronizado (POP), sobre higiene e manuseio correto de alimentos.
Devidamente higienizados, os participantes seguiram para a cozinha do CEI Santa Luzia, onde prepararam, de maneira coletiva, a refeição do dia. Entre conversas e trocas de experiências, o cardápio que incluía cascas, talos e outras partes de hortaliças que usualmente não são utilizadas na culinária foi sendo preparado. Um dos objetivos da era justamente alertar e orientar para o aproveitamento integral dos alimentos, ideia que tem ligação com os princípios agro
Para Bárbara Lopes, da diretoria da EcomAmor, o encontro superou as expectativas e reforçou a importância da formação continuada. “Pra mim, o encontro foi muito especial. Foi algo que a gente começou a construir desde o ano passado, quando começou a pensar no projeto [Da Horta para a Merenda], veio a questão da formação continuada e a importância de trazer as merendeiras para dentro do projeto, fortalecer esse vínculo”.
O próximo encontro da Formação Continuada acontece em agosto e você acompanha pelas nossas redes.
Texto por Afonso Rodrigues